28/01/2013

Descobrindo a vida com a dor




Um domingo que entristeceu o mundo. Vidas que se foram deixando perguntas ainda sem respostas. Alegrias que encontraram o seu avesso e que tributaram a nossa vida o preço de provar a dor sem barganhas ou contestações. Era apenas mais uma balada, um encontro. Alguns filhos despediram-se dos seus pais ou amigos com um “até logo” outros, apenas foram. A tragédia de Santa Maria é um drama mais grave e que nos pegou de surpresa, mas há muitos casos isolados pelo Brasil onde jovens estão sendo “arrebatados” assustadoramente. 

Quantos sonhos foram tragicamente interrompidos deixando como herança tristeza, incompreensão e dor. É provável que leis e outras questões sejam revistas, mas temo que algo muito importante seja jogado debaixo do tapete da indignação. Perdoe-me dizer que a falta de segurança não está somente nas casas noturnas que recebem os jovens. Essas agora, estão sob os olhares infalíveis da sociedade. Falo das casas onde a vida é o próprio palco que apresenta o espetáculo das relações no qual chamamos de família. Tem algo que não me incomoda muito.  
 
O que não sai da minha mente e por isso talvez, a minha tristeza vai além deste choro que comove o mundo, é quando penso na raiz dessas tragédias. Elas, em sua maioria,  não foram espremidas e asfixiadas numa única noite. Este fato tão triste serve como alerta para que as famílias possam olhar para dentro de suas casas e também realizar as investigações e perícias que possam identificar as fraquezas, medos, depressões e deficiências nos relacionamentos entre pais e filhos. A obsessão generalizada está falindo o amor. Já não existe mais equilíbrio e com isso não se dá mais valores ao tesouro que é ter um lar com paz, união e simplicidade.

Quero refletir sobre os motivos que provocam a adesão em massa dos pré-adolescentes, adolescentes e jovens no vicio do álcool, drogas e principalmente do crack. O tempo das famílias que sentavam a mesa para um almoço ou uma reunião foi substituído pelas reuniões de negócios ou por outros compromissos mais fúteis. O tempo corrido reflexo de uma agenda desgovernada não permite mais as troca de olhares. Estamos vivendo o tempo do “oi pai”, “oi mãe”. Onde colocamos o diálogo que as faculdades não ensinam? Porque investimos tempo na vida do outro e deixamos de lado os nossos filhos que necessitam do nosso amor e da nossa experiência de vida?

Essa máquina descontrolada de fazer dinheiro chamada vida, está lançando a nossa juventude nos calabouços das drogas e das más companhias. A pressão que exercemos em cobrá-los para ser alguém amanhã, nos tornam insensíveis em viver o hoje e, com isso perdemos o verdadeiro relacionamento que Deus ama: a família. Sufocados, pressionados e inseguros os jovens buscam alternativas para aliviar o stress e a pressão na bebida e nas drogas e, consequentemente, acabam encontrando o “mix de alívio” nas baladas e boates.
 
Nem todas as famílias e nem a tragédia de Santa Maria enquadram-se totalmente neste contexto. Sei que é possível ainda “sentar ao tapete da sala de estar e brincar com os nossos filhos”, ensaiando o tempo em que estaremos com os nossos netos desfrutando da mesma emoção, o amor de família. Sonho com os encontros aos finais de semana, sabendo que fizemos o possível para fugir dos desencontros que a vida possa impor e, por fim, sei que podemos expressar o amor cuidando dos nossos filhos e ajudando-os a serem grandes homens sem destruir a família. Que o nosso choro possa durar apenas essa noite e que amanhã Deus possa trazer um novo consolo na  esperança de um novo sopro de vida. Vamos continuar em oração por todas as famílias, sem distinção.

Jesus te abençoe!
Gedson Freire