21/11/2011

Vida e morte

Confesso que ontem vivi um dos sentimentos mais controversos da minha vida, pelo menos até onde a minha memória conseguiu resgatar. Dia 20 de novembro, uma data e dois sentimentos: alegria e tristeza. Sou extremamente motivado a festejar a vida das pessoas que amo, principalmente quando essa pessoa é a minha própria mãe. E ontem, dia vinte, mamãe completou mais um ano de vida. Obrigado Jesus! Mas, eu não esperava receber aquela notícia logo na manhã de domingo. O inesperado é muito mais difícil de aceitar.

Como somos egoístas... se foi difícil para mim a notícia, imagina para papai? Às vezes pensamos somente naquilo que passamos e deixamos de olhar para o outro, para a dor do outro. O que nos faz acreditar que somos mais vítimas do que o nosso semelhante? Papai ama muito a mamãe, isso é inquestionável. Quem não acredita pode comprovar pelo carinho e tempo que ele dispensa a ela no tratamento pós-cirurgia do joelho – a terceira. Esse amor, essa cumplicidade e preocupação entre os meus pais me motivam a jamais desistir da família. Isso é bíblico!

Compreendo o quanto à emoção de papai estava se deliciando para festejar mais um ano de vida da sua amada esposa, porém, fatalmente naquele mesmo dia o meu tio, o seu irmão mais velho, enfermo, falece. Um golpe que simplesmente gerou um congestionamento entre as mensagens que saiam do subconsciente com destino ao consciente deste cérebro tão empolgado em levar ao seu coração sentimentos de alegria e gratidão. Vida e morte.

São os extremos que a própria vida não nos prepara para enfrentar, são as tristes coincidências que vêm como flechas disparadas por um arco forte e inflexível que acertam diretamente o alvo da nossa incompreensão humana. São nestes momentos que necessitamos resgatar da nossa consciência as gratas memórias registradas pelo tempo em vida, para então fazer daquela ausência, uma presença imortalizada em nosso coração afinal, o que seria de nós sem as lembranças? Como poderíamos sobreviver sem os registros contábeis das verdadeiras pessoas?

Assim, no mesmo instante que uma flor nasce aquecida pelo sol da manhã que brilha encantado pela beleza do céu azul, morrem as sementes cultivadas no jardim da esperança pisoteadas pelos abandonos e pelas decepções de uma vida travada pelo interesse e pela ganância. São os extremos que decidimos não enfrentar, fugimos para não sofrer. Então, nasce a verdadeira realidade – vida e morte se cruzam pela mesma estrada, sem se preocupar de onde elas partiram. Porém, se não há preocupação de onde vieram é fundamental saber para onde iremos.

Então, para onde iremos? Essa pergunta é fatal, porém desprezada enquanto os nossos olhos, abertos, conseguem contemplar o pôr do sol ou quando ainda conseguimos presenciar o nascimento dos nossos filhos, mas e quando as cortinas do teatro se fecharem anunciando o fim do espetáculo chamado vida, o que acontecerá? Céu ou inferno? Simplesmente os olhos se fecham e acaba-se tudo? Este assunto é difícil para ser tratado? Você não acredita que haverá uma vida eterna? Engraçado... e as cerimônias de corpo presente nos velórios? Não podemos fugir...

A dor da perda é terrível, porém a alegria em festejar a vida é um alívio, mas não podemos fugir do tempo que tão cruel não nos permite contar os dias do nosso querer, entretanto é o próprio tempo que nos faz acreditar que amanhã há uma nova esperança de vida chegando para levar consigo a tristeza e a dor provocados pela perda de um ente tão querido. São contradições que precisamos encarar confiando sempre que, Jesus Cristo, o autor e consumador da nossa fé está no controle de todas as coisas, inclusive do tempo.

Ele pode colocar os pontos finais nas histórias que Ele mesmo iniciou. Jamais alguém terá capacidade de conduzir ou determinar o fim por sua própria “conta”, mas sim, pela vontade soberana de Deus. Talvez alguém, poderá ser o instrumento da ação, graça e misericórdia de Deus, simplesmente o agente definido e escolhido por Ele.

E foi assim, através do festejar da vida e do entristecer da morte que pude ver e sentir a presença de Deus no controle deste tempo que muitos insistem em querer manipular ou alterar. Foi no contraste da lágrima que caia no olhar de papai, que pude encontrar a alegria da vida no sorriso de mamãe revelada pela certeza da presença de papai ao seu lado confiando sempre na graça soberana de Deus. Portanto, viva este tempo sabendo que antes do apagar das luzes será necessário fazer a última escolha da sua vida – viver com Cristo para todo o sempre.

Pense nisto com muito carinho e seriedade!

07/11/2011

Homens que se escondem

Eram três cruzes. Na parte central, um homem sem culpa, tinha a companhia de dois ladrões, culpados e com crimes de alta periculosidade. Um ladrão em tom de ironia diz: “Se tu é o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós”.  O outro, reconhecendo a inocência de Jesus, diz: “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino”. Jesus perdoou e disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”. (Lucas 23:39-43). Dois homens. Um se escondeu atrás da sua covardia, arrogância e incredulidade. O outro optou por esconder-se atrás do único que poderia lhe garantir a salvação eterna: Jesus Cristo. São escolhas reais e sem esconderijos.   

Homens que se escondem diante das suas fragilidades continuam a existir nos dias de hoje e cada vez mais as suas atitudes provocam contradições, ferem os sentimentos, destroem relações e expõem as pessoas a sua volta a riscos inevitáveis e irreparáveis. Homens habilidosos conquistam a confiança de parentes e amigos que depois serão aprisionados numa arapuca armada pelo visgo da mentira e da chantagem. O destino é a prisão e submissão.
 
Homens que se escondem atrás do seu poder conquistado a base de chantagens e propinas, criam um muro seguro formado por comparsas que muito bem “remunerados” são capazes de negar a verdade ao ponto de confundir os mais letrados e sábios no assunto. Está muito simples e prático armar golpes, fraudes e ciladas afinal, todos querem ganhar u m pouco...

Homens que se escondem atrás de mentiras que viram verdades absolutas neste mundo onde os envolvidos são partes interessadas e necessitadas de silêncio. Falar de mais é correr riscos. Não precisam de arrependimento, apenas de muito poder e dinheiro, eles garantem a sua segurança. O esconderijo é a própria omissão que alimenta um mundo repleto de falsos julgamentos e poses de “homens do bem”.

Homens que se escondem atrás do sucesso de uma carreira profissional não se atentaram para a distância que a sua auto-suficiência e vaidade impuseram sob o relacionamento familiar. A esposa solitária e deprimida se esconde atrás do cigarro e do cartão de crédito. Os filhos sem a referência de um pai escondem-se atrás das más companhias viciadas em drogas e bebidas.

Homens, cinqüentões, poderosos da porta de casa para a rua, camuflam o seu fracasso como homem e pai e, se escondem atrás de uma garotinha de vinte anos, “pobre” amante, que por sua vez, se esconde atrás de uma grande oportunidade financeira, sem a mínima capacidade de analisar o suicídio que ela está promovendo, naquele lar que se esconde atrás dos fracassos do mundo capitalista. A amante condena o seu futuro a uma chance que nasceu sem vida.

Homens de honra e caráter, ainda é possível encontrá-los! Aqueles que reconhecem mesmo na hora da morte o verdadeiro caminho da ética, da moral, do caráter e da real necessidade de se conquistar o que, nada e ninguém deste mundo, é capaz de oferecer: a paz e a vida eterna. Difícil de crer porque não a vemos, porém simples de tê-la quando verdadeiramente fazemos a escolha certa.

Não conheço em detalhes a vida do Gelson Domingos morto na ação do BOPE na favela dos Antares no RJ, porém posso dizer que ele se escondeu atrás da sua vontade e da sua coragem de querer revelar ao mundo cenas e fatos reais do crime enquanto, muitos homens apenas desejam esconder a parte podre de uma história construída diante das circunstâncias deste mundo tão refém da hipocrisia e do capitalismo. Finalizo com a frase que marcou a criação dessa mensagem dita pelo irmão do Gelson numa entrevista: “Meu irmão amava o que fazia... Mas hoje meu irmão foi salvo, ele foi orando. Deus o levou com dignidade”. 

A escolha é nossa e a salvação é individual. Escolha a pessoa certa para estar ao seu lado e jamais negue-o, pois desde a sua crucificação até hoje, Ele continua te amando, seja qual for o seu pecado e a sua situação. Nunca negue a Jesus Cristo em sua vida! Sempre há escolhas que podem levá-lo ao caminho reto e puro. Não se esqueça dessa verdade!